O processo contínuo de circulação da água na Terra, também conhecido como ciclo hidrológico (evaporação, transpiração, condensação, precipitação, infiltração e escoamento superficial) pode ter começado há quatro bilhões de anos ou mais, segundo um estudo recente publicado na revista Nature Geoscience.
A existência de um ciclo da água em um período no qual a ciência acreditava que “a Terra estava completamente seca” inverteu completamente o parâmetro, afirmou o coautor do estudo, Hugo Olierook, ao site IFLScience. Para o geocientista da Universidade Curtin, na Austrália, a nova compreensão é que a Terra, na época, era coberta por um oceano global, com pequenas ilhas aparecendo.
Essencial na sustentação da vida planetária e dos ecossistemas em geral, a evidência da queda de chuva nas terras secas primordiais do planeta foi percebida em pequenos grãos de um mineral chamado zircão. Conhecidos por sua durabilidade e resistência à erosão, esses cristais foram datados na região geológica Jack Hills, na Austrália Ocidental.
Como o cristal mais antigo do mundo mostrou evidências de água doce?
Segundo o primeiro autor do artigo, Hamed Gamaleldien, da Universidade Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, as duas grandes evidências descobertas no estudo foram: “havia terra acima do nível do mar e, ao mesmo tempo, que esta terra interagia com água doce”.
Ou seja, se temos um ciclo hidrológico, temos a receita para o início da vida, conclui o geoquímico. Mas a questão se essa vida surgiu em fontes hidrotermais submarinas ou, como queria Darwin, em um “pequeno lago quente”, ainda permanece como um mistério.