O advogado Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho explica que a reforma eleitoral de 2017 trouxe mudanças significativas para o sistema político brasileiro, especialmente no que diz respeito às coligações proporcionais. Até então, essas alianças permitiam que partidos se unissem para disputar vagas no Legislativo, aumentando suas chances de eleger representantes. No entanto, a proibição das coligações proporcionais, válida a partir de 2020, gerou debates sobre seus reflexos na representatividade política e na formação de novos partidos.
Como as coligações proporcionais afetavam a representatividade política?
As coligações proporcionais eram vistas por muitos como um mecanismo que garantia maior diversidade na representação política. Ao permitir que pequenos partidos se unissem, elas facilitavam a entrada de candidatos de diferentes perfis no Parlamento, ampliando o espectro de ideias e interesses representados. Contudo, esse modelo também era criticado por favorecer a fragmentação partidária e dificultar a governabilidade, já que pequenas siglas muitas vezes atuavam de forma descoordenada.
Por outro lado, Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho informa que a ausência de coligações proporcionais pode resultar em uma representação mais concentrada nas mãos de poucos partidos grandes. Isso ocorre porque legendas menores, sem o apoio de alianças, enfrentam dificuldades para superar a cláusula de barreira – mecanismo que exige um mínimo de votos para acesso a recursos públicos e tempo de televisão. Assim, a reforma pode reduzir a pluralidade política, fortalecendo apenas as siglas já consolidadas.
O fim das coligações incentiva a criação de novos partidos?
Embora a extinção das coligações proporcionais tenha elevado os desafios para partidos pequenos, ela também incentivou a fusão e reorganização de siglas existentes. Muitos partidos perceberam que, para sobreviver no novo cenário, seria necessário buscar alianças estratégicas ou mesmo fundir-se com outras legendas. Esse movimento visava garantir viabilidade eleitoral e cumprir os requisitos da cláusula de barreira, tornando-se uma tendência observada nos anos seguintes à reforma.

No entanto, a criação de novos partidos não foi completamente desestimulada. Movimentos sociais e lideranças políticas que antes dependiam de coligações para eleger seus candidatos passaram a investir na construção de siglas independentes, mas com estruturas mais sólidas. Conforme alude Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho, essa transição, embora desafiadora, pode resultar em partidos mais coesos e programáticos, capazes de atrair eleitores com propostas claras e identidade própria.
Quais são os desafios para a governabilidade sem as coligações proporcionais?
Sem as coligações proporcionais, a governabilidade pode ser impactada de maneira significativa, especialmente em sistemas multipartidários como o brasileiro. A concentração de poder em poucas siglas tende a dificultar a formação de maiorias estáveis no Congresso, exigindo negociações mais complexas entre partidos para aprovar projetos de interesse do governo. Além disso, a falta de representatividade de pequenos partidos pode gerar insatisfação social, contribuindo para o aumento da polarização política.
Por outro lado, a redução do número de partidos com assento no Legislativo pode trazer benefícios ao processo decisório. Com menos siglas envolvidas, há maior previsibilidade nas articulações políticas e menor dispersão de recursos públicos. No entanto, o advogado Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho expõe que isso dependerá da capacidade dos partidos sobreviventes de construir plataformas consistentes e dialogar com a sociedade, evitando que o cenário político se torne ainda mais fragmentado.
Rumo a um sistema político mais coerente?
Os impactos da reforma eleitoral de 2017 ainda estão sendo avaliados, mas é evidente que o fim das coligações proporcionais alterou profundamente a dinâmica política brasileira. Embora haja desafios relacionados à representatividade e à governabilidade, a mudança também abriu espaço para a consolidação de partidos mais organizados e programáticos. O futuro do sistema político dependerá, em grande parte, da capacidade das siglas de se adaptarem a essa nova realidade.
Assim, Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho conclui que para que o Brasil avance rumo a um sistema mais democrático e representativo, será fundamental monitorar os efeitos dessas mudanças e promover ajustes quando necessário. Afinal, o equilíbrio entre pluralidade e governabilidade é essencial para garantir que o sistema político reflita as demandas e aspirações da sociedade.
Autor: Edward Jones